sexta-feira, novembro 23, 2007

Relvados traumáticos

Tenho poucos traumas de criança, mas há um episódio que de uma certa forma me persegue e pode explicar a minha fobia a mulheres com pelos!

Tinha eu os meus catorze anos e estava acompanhado por amigos a jogar futebol na praia, quando a uns vinte metros de nós uma mulher tira a parte de cima do “bikini” e começa a fazer topless.
Pode agora ser banal, mas nos finais dos anos oitenta e em plena praia de Matosinhos não era. Não era normal para os adultos e muito menos para nós “catraios “ com as hormonas aos saltos e que ficavam excitados com um simples anuncio da lingerie Triumph.

É claro, que eu, um verdadeiro craque futebolístico ( eu trato a bola da mesma forma que o Castelo Branco trata uma mulher), fui logo tentar ver melhor o tal topless,chuto na bola e bola junto á moçoila!

Deus nesse dia castigou a minha curiosidade, pois quando eu me aproximei a única coisa que vislumbrei foram uns tufos de pelo a sair de baixo dos braços da dita cuja, fiquei tão traumatizado que ainda hoje tenho essa fobia aos pelos nas mulheres.
Quanto ao topless, nem me lembro, mas sei que as mamas do Quim, um amigo de infância eram bem melhores apesar das "espinhas" que as circundavam.

Vem isto a propósito da verdadeira cultura que as mulheres dedicam á arte da depilação. Se nesse dia Deus castigou-me, anos mais tarde agraciou-me com as bandas de cera, as “epillady” , com as esteticistas e corporations dermoesteticas que abundam pelo país.

Creio que posso dar a minha humilde opinião sobre o que deve uma mulher fazer para ser mais “atractiva” aos olhos de um homem normal.

Deve depilar diariamente as axilas, principalmente no Verão, as pernas no mínimo de quinze em quinze dias e muito importante, não esquecer o buço!

Quanto ás zonas mais intimas, ao que nós homens designamos por relvado, deve ser tratado como tal.

No futebol, um bom relvado não deve ter a relva muito alta, pois prejudica a circulação da bola, nem deve estar demasiado rapado pois só em pequenos é que gostamos de jogar á bola em pelados.Vocês nunca viram o Deco ou o Ronaldinho a jogar em pelados pois não?

Ou seja, para jogarmos melhor e podermos dar azo a toda a nossa técnica individual, o relvado deve estar aparado á tesoura e deve ser molhado de quando em vez para dar uma maior intensidade ao jogo.
Mas atenção, tal como no futebol, demasiado molhado pode dar azo a lesões aos intervenientes.


Podem sempre vir com a desculpa que um bom jogador joga bem em qualquer campo, mas os grandes jogos são sempre em relvados bem tratados.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Alerta amarelo

Acordei com uma notícia de ultima hora. O país está em alerta amarelo.
Preocupado, aumentei o volume da televisão, limpei as remelas dos olhos e prestei atenção.
Por momentos fiquei com o coração suspenso a imaginar um terramoto, a imaginar que íamos ser invadidos pelos Marroquinos, ou que finalmente tinham descoberto que o Benfica por incumprimento para com as finanças ia fechar portas! Mas não, era mesmo sobre o tempo. Chuvas fortes e frio intenso (pasme-se 9 graus de mínima para Lisboa), e lá estava o país em estado amarelo.

Não sei se estes alarmismos são propositados ou não, sei é que nos preocupamos por pouco.
Estamos a meio de Novembro, é normal que chova e que esteja frio, mas á falta de melhor noticia ou motivo, pumba, alerta amarelo!
Estou em crer, que estes alarmismos servem apenas ara desviar atenções dos verdadeiros males do país.

Quando nos devíamos preocupar com a subida de impostos, com o aumento da precariedade no trabalho, o país entretém-se a olhar para a televisão e a amedrontar-se com a chuvinha e o ventinho.

Imagino mesmo uma cena no gabinete do primeiro-ministro, onde se discute um aumento de impostos ou o encerramento de algum serviço de saúde, o Sócrates a perguntar, “ Não se arranja aí uma chuvinha e um ventinho para desviar atenções ou então ligue para as televisões e diga que para criarem um concurso novo ou mande raptar alguém”

Outra ideia que me ocorre é os gajos da protecção civil a desejarem por calamidades para mostrarem serviço às patroas, pois deve ser fodido chegar a casa vindo do trabalho e a mulher perguntar, “O que fizeste hoje?” e eles “Nada!”. Assim, com uns temporais e uns foguitos nas matas eles já podem chegar a casa e dizer “ Hoje trabalhei que me fartei, evacuei 19 famílias devido à cheia, mandei 3 helicópteros para apagar um fogo”ou merdas dessas, os que não são casados arranjam sempre uma maneira engatar gajas nos chats! “ Tenho que desligar porque vou evacuar uma família!”

O país anda adormecido, existe um poder oculto que produz telenovelas, “Operações Triunfo”, “ Casamentos de Sonho”, novos reforços para os lampiões ou novos namorados para a Diana Chaves com um único sentido, adormecer o país!

Somos um país onde ansiamos por desgraças alheias, somos um país de juízes e de opinadores e os meios de informação alimentam-se e alimentam-nos disso.
“Não perca, em seguida, mãe atira filho da janela de um quinto andar, já a seguir aos comerciais”!!!
Todos os casos que envolvam miséria passam a mediáticos e os que deviam ser mediáticos passam umas misérias!

Veja-se o caso Maddie, o reboliço que foi com as televisões e jornais e como as nossas opiniões mudaram com o acompanhamento do caso. Durante a primeira semana, “coitada daquela mãe” passado algum tempo “ a vaca matou a filha com droga”, no caso Casa Pia “quem diria, o Carlos Cruz, tão simpático”, no caso Carolina Salgado “ de puta a escritora”.

Enquanto isto, o que aconteceu sem ninguém falar? Aumentou o preço do petróleo, fecharam centros de saúde, grávidas deram à luz nas auto-estradas o Pinto da Costa casou, e nós a dormir.

Somos constantemente adormecidos e o pior é que gostamos. E por agora é tudo que eu vou ver o Dr. House.

sábado, novembro 17, 2007

Low Cost

Há dias, por questões profissionais, pois é, este desgraçado também trabalha porque a vida está cara e a beleza custa, e custa muito dinheiro.

Sorte tem a minha mulher que já nasceu linda e com qualquer trapinho fica bem, até doente ela é bonita, mais, acho que até de ressaca ficaria bem, mas nunca a vi de ressaca, felizmente já a vi nua, mas de ressaca não.

Se há coisa que custa mesmo muito é ter uma mulher que além de ser bonita é inteligente.
Por muito que eu tente “convence-la” de alguma coisa em que ela não acredita ou tenha duvidas, lá vem a santa questão disfarçada de ignorância ou ingenuidade “ Arranja outra coisa que com essa não me convences”.

Mas voltemos ao tema inicial deste texto, há dias por questões profissionais tive que ir a uma feira a Valência, companhia de low cost e tal, e pensava eu que era uma viagem rápida que não me ia chatear, que era só mais um Portuga no meio de outros.
Engano meu!
Logo no aeroporto, comecei a ver caras familiares e a sentir o cheiro característico do meu mundo profissional!
O cheiro a “azeiteiro” e a novo-rico. Camisas berrantes, fatos de domingo e perfume do hipermercado lá da terra.
Telemóvel topo de gama pelos quais “berravam” ordens para as fábricas e comentavam o quanto facturavam, esqueciam-se era o de quanto deviam.
Um autentico carrossel dos esquisitos!
A viagem, de avião, foi numa companhia de low cost, sobejamente conhecida, porque a virtude de um empresário em início de carreira é reduzir os custos e maximizar os lucros.
Para certas pessoas, low cost não significa nada, pois mal entram nos aviões estão a queixar-se.
Que as hospedeiras são más, fisicamente más entenda-se, que a cerveja é cara e que nem revistas ou mantas para roubar há!
Por 70 euros queriam o quê? O Concord e uma tripulação repleta de “misses”?
Mas adiante que atrás vem gente.
Sem querer ser exagerado, a maioria dos que foram àquela feira, foram com o intuito exclusivo de irem às putas!!!
Eu fui para trabalhar, eles foram para ir á pesca, neste caso de piranhas e eles é que foram pescados.
É nestes pequenos exemplos que se distinguem os grandes empresários dos grandes ordinários.
Os portugueses ficam na segunda categoria os espanhóis na primeira, pois eram eles que tinham as gajas lá a atacarem.
Por isso é que o país está como está e Espanha esta a crescer.
O empresário português na sua maioria só quer duas coisas a crescer, a conta bancária e a gaita, tornando-se um contra senso uma vez que para a gaita deles subir a conta bancária desce.
Passou-me pela ideia mudar de profissão, não seria chulo, mas sim “agente de viagens”.
Como? É simples, organizava viagens de turismo sexual e enfeitava o “pacote turístico” com uma aprazível feira comercial acompanhada com álibis perfeitos para mulheres desconfiadas e empresários otários.

Ressalvo aqui a posição dos poucos conhecidos e chegados com quem tive o prazer de viajar, que felizmente estão bem na vida, graças a uma visão empresarial alargada e empenhada e ao facto de para eles negócios serem negócios e mulheres serem as que têm em casa.

quinta-feira, novembro 01, 2007

Finos ou finados?

“ O morto está com muito bom aspecto”, quantos de nós é que já não ouvimos ou dissemos esta frase em velórios? Ninguém? Pois eu já escutei e já a disse!

Já a disse à família e em muitos casos com sentimento, e em muitos desses casos era verdade! Há realmente mortos que em vivos não tem tão bom aspecto.

A arte do pós-morte está cada vez melhor, aliás há casos de pessoas que já estão mortas e ainda aparecem em revistas, tipo a Duquesa de Alba ou a Lili Caneças.

Escrevo estas linhas no dia dos finados, nome curioso associado ao dia em que velamos pelos que já partiram, muitos deles sem pagarem as contas, outros sem avisarem.

Acho curioso chamarem dia dos finados, pois tudo o que fala em finos leva-me para a cerveja e a cerveja leva-me para a Super Bock e a Super Bock leva-me para a Unicer, a Unicer lembra-me a espectacular campanha de “outdoors” que aparecem nas nossas ruas.
Alias, ocorre-me uma ideia para um desses “outdoors” a ser colocado junto a um cemitério. Imaginem...

Um copo de fino em forma caixão e a frase “ Para o dia dos finados”!

É impossível eu não encarar a morte, a industria à volta da morte sem humor, é da minha natureza ser assim, chamem-lhe humor negro ou morbidez, eu chamo uma forma de encarar o inevitável.

Vou dar-vos casos práticos:

Conheço uma senhora que ainda está viva e já comprou um jazigo com o nome dela e vai lá enfeita-lo semanalmente;

Casos que pessoas famosas já escreveram o seu obituário;

O próprio testamento e todos os desejos que partilhamos com as pessoas mais próximas sobre o que queremos no nosso funeral.

Eu próprio declaro aqui o que pretendo para o meu:
Uma bandeira do FCP sobre o meu caixão e se possível os tipos que tocam no filme Gato preto Gato branco do Koustourica, aqueles ciganos, Fanfare Ciocarlia .
Quero que, dentro do possível ,não chorem e se for possível dentro do decoro tenham humor sobre o que fui.
Ia dizer que também podia ter mulheres nuas mas a minha mulher pode não gostar da ideia.
Além de eu ter a certeza que vou ser um morto com bom aspecto, a música escolhida irá de certeza distrair os mais criticos.

Assisti em Africa a alguns funerais, inclusive fui a um em que o corpo foi velado na esplanada de um café, com as mesas à volta do caixão e os empregados a servirem habitualmente. Lembro-me porque bebi uma Turbo King, cerveja preta fabricada em Lubumbashi a mais de 3000 kms do sitio onde eu estava, e os locais diziam que esta referida cerveja dava para levantar um morto. Também porque era a cerveja que o morto bebia e ele não estava em pé, lá se vai mais uma dessas sabedorias populares!

Pode parecer estranho velar um corpo na esplanada de um café, mas era o sítio onde o morto passava mais tempo, se ele em vivo não ia á igreja para quê passar as ultimas horas dele num sítio que lhe era estranho!

Mas não é só em Africa que se passam situações curiosas em relação á morte.

Constou uma vez que uma pessoa minha conhecida tinha morrido num acidente de carro, por coincidência ela nesse fim-de-semana tinha esquecido o telemóvel no emprego, quando chegou na segunda-feira, tinha dezenas de chamadas e mensagens no telemóvel.
Das duas uma, ou as pessoas são tão estúpidas que pensavam que ela ia atender ou responder, ou então era uma tentativa extrema de contactar através dela alguém que já tinha morrido. Eu próprio enviei uma mensagem a dizer “ Se estiveres morta procura o meu avô e pergunta pela chave do cofre”
Nunca esclareci uma coisa, é se essas chamadas ou mensagens pagavam roaming.

Poderia passar horas a descrever velórios ou funerais a que fui onde presenciei situações bizarras com pessoas menos bizarras onde o menos bizarro era a paciência do falecido a aguardar que toda a gente fosse para casa e ele pudesse finalmente descansar em paz.